quarta-feira, 27 de março de 2013

O. J. Feliciano

A abertura da copa do mundo Fifa de 1994 dividiu suas atenções com a perseguição ao ex jogador de futebol americano O. J. Simpson, então acusado de matar sua ex mulher e o suposto namorado. O. J. dirigiu por quase 100km em alta velocidade depois de deixar um bilhete onde indicava que cometeria suicídio.

O que se seguiu a uma das maiores coberturas jornalísticas para um caso policial de todos os tempos, foi um desfecho nada louvável: a questão culpado/inocente tornou-se uma questão negros/brancos. A comemoração da absolvição em bairros predominantemente negros dos Estados Unidos com o tom de derrota nas regiões predominantemente brancas entra tranquilamente no rol dos Top 10 absurdos modernos.

Retomo este tema pois sinto estar ocorrendo a mesma coisa com Marcos Feliciano e sua permanência à frente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias. O debate está descambando para uma questão “Quem é Evangélico Apóia” de um lado, ao passo que do outro lado uma boa parte da imprensa está usando seu título de Pastor ou sua filiação à igreja evangélica como um problema em sí. Ambos estão errados.

A coisa é muito simples. Marcos Feliciano não pode ser o presidente de uma Comissão de Direitos Humanos e Minorias, pelo mesmo motivo que não poderia sê-lo Marcelo Rossi, Frei Betto, Henry Sobel ou até o Jorge Francisco, vulgo Bergoglio: suas crenças e condutas têm como base fundamental a Bíblia, que dentre seus preceitos condena o comportamento de algumas das minorias que a comissão tem por objetivo proteger.

Só isto.

Acostumado como estou à letargia da sociedade para os mandos e desmandos da classe política, muito me alegra ver a reação popular pedindo mudanças. Mas não existe batalha boa quando a causa é ruim. Se o foco continuar sendo uma briga de azul versus amarelo, a raiz do problema permanecerá inalterada, ainda que a renúncia ocorra.

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