Almoçava com um executivo em visita ao Brasil, atualmente exercendo uma função corporativa no escritório central da organização em Copenhagen.
Romeno de natureza, vivera uns bons anos entre Londres e Paris e já havia rodado quase todos os países do Leste Europeu. Inicio o diálogo quando uma pequena aranha aparece sobre sua camisa.
- Cuidado, tem uma aranha na sua camisa.
- Ela é venenosa? Se não, não me importo. Aliás, coisa curiosa aqui no Brasil.
- O quê?
- Eu imaginava que, estando num país tropical, haveria mais insetos. Mais mosquitos principalmente. Mas quase não os vejo por aqui.
- Desculpe mas, de onde você pensava que eles poderiam vir? Você viu alguma floresta no entorno ou algo do gênero?
- Não, mas talvez do lixo.
- Que lixo?
- É verdade, taí outra coisa que me surpreendeu. Não vejo muito lixo jogado nas ruas. Como vocês fazem isto?
- Como assim?
- É, não vejo as pessoas jogando lixo na rua. Surpreendente. Como vocês educaram as pessoas? Na escola?
- Olha, eu fui criado assim, nem sei onde aprendi. Meus filhos também foram criados assim, então para eles é natural. Jogar lixo na rua definitivamente não é o comportamento padrão da turma. Aliás, em muitos lugares se você o fizer, a população em torno vai brigar com você. Mais ou menos como qualquer grande metrópole do mundo. Mas não se engane, pois São Paulo é uma cidade enorme, com mais de 15 milhões de habitantes. Não posso dizer que este é padrão em todo lugar.
- Incrível como quem é do local não valoriza os bons aspectos de uma região. Eu estou muito impressionado com a sua cidade. Vocês deveriam ter mais orgulho dela. A Europa também tem a sua periferia. E acredite, ela não é nada bonita. A diferença é que não aparece no jornal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário