quinta-feira, 9 de maio de 2013

Paguei R$ 8,00 Por um Suco

Eu entrei dias atrás em uma destas padarias que minha esposa classificaria como “charmosinha”. Lugar moderno e espaçoso, com telões mostrando um show MPB qualquer e fartos gabinetes com os mais variados exemplos de frios, doces, cafés e até sorvetes artesanais.

Fui até lá para almoçar. Ao entrar na padaria charmosinha, um atendente me recebeu com um sorriso desejando uma boa refeição.

O buffet por quilo não decepcionou. Na parte de saladas, servi-me de uma fatia de presunto parma com melão e um pedaço de morango por cima. Peguei ainda duas fatias de salmão cru. Nos pratos quentes, risoto ao funghi e um pedaço de salmão grelhado.

A mocinha da balança não foi menos cordial e tão logo me sentei a uma mesa, um garçom me ofereceu um suco, trazido pelo mesmo pouco tempo depois.

Fui pagar a conta e uma legião de caixas dava conta do fluxo intenso de clientes, com a mesma presteza e agilidade de seus pares que me receberam. Paguei com meu cartão de débito – com CPF na nota – e ao receber minha via do débito em conta, também recebi copia da nota fiscal fatura.

A conta da minha refeição foi de R$ 8,50 (sim, comi pouco, visto que o quilo estava R$ 40,00, mas isto é tema para outro texto). Foi então que comecei a imaginar a relação entre minha conta e toda aquela estrutura.

Partí do principio de que o estabelecimento não receberia tudo que paguei, pois dos R$ 8,50 há que se descontar os impostos, que mordem tranquilamente de 7% a 10% do montante. Eu usei meu cartão de débito, o que morde adicionais 2% a 3%.

Também fiquei imaginando aquela trupe de garçons e caixas em sua rotina diária. Provavelmente o contingente trabalhe pesado entre 11h30 e 14h30, mas ninguém pode ser contratado por três horas de trabalho. Logo, o dono da padaria charmosinha precisa contratá-los normalmente por 20 ou 44 horas semanais e arcar com o tempo ocioso, fora as faltas com atestado. Quase tive uma indigestão quando pensei nos adicionais de insalubridade, férias, 13º, descanso semanal remunerado, auxilio disto, auxilio daquilo....

Quando o bolo alimentar juntou-se com toda a escrituração contábil pela qual aquela notinha fiscal que pedi com CPF iria passar, incluindo os registros nos livros – em muitos casos literalmente – fiscais pertinentes, quase morri... e olha que nem entrei no custo da compra da matéria prima (SALMÃO, MELÃO E MORANGO!!!), do pessoal que prepara, do gás, da energia, etc, etc, etc.
Se por um milagre da natureza ainda sobrar algum trocado dos meus R$ 8,50 originais, o coitado do dono ainda teria que pagar imposto de renda. Juro que seu eu tivesse comido apenas a refeição, teria voltado e dado um troco a mais para o fulano.

Mas para sorte e felicidade geral do sistema, eu comprei um suco. Um copo de água de 300ml com uma polpa que custa centavos, e que me foi cobrado R$ 8,00. Caro? Muito. Injusto? Longe disto.
É o suco que faz a máquina girar. Assim como o café a R$ 4,50 ou a coca cola de R$ 22,00. E mesmo com tudo isto, ainda há muito mais empresários indo à falência do que entrando na lista da Forbes. O fato é que o Brasil se tornou um país caro.

Abusos precisam ser coibidos. Cansei de ver casa colocar o preço do couvert artístico no valor total da conta, e só depois cobrar os 10% de serviço. Boicotes nestes casos podem e devem ser incentivados. Mas há que se entender também que nem tudo é lucro fácil na vida do empresário tupiniquim.

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