quarta-feira, 19 de junho de 2013

Procura-se um Oportunista

Os movimentos de protesto que tomam conta do país conseguiram atingir dois aspectos que são normalmente os mais complicados neste tipo de manifestação: um, conseguirem apoio da opinião pública; dois, conseguiram volume nas ruas.

Resta agora o próximo passo e ainda não está claro quem o dará.

O movimento apartidário é muito poético mas seu efeito prático é praticamente nulo. A massa não propõem leis, a massa não vota nas assembleias nem pede cassação formal no senado.  Num momento em que estranhamente se ausentam das primeiras fileiras dos protestos personagens que sempre ostentaram uma imagem de “pensar e ser diferente de tudo isto que está aí” como Soninha, Eduardo Suplicy ou Luiza Erundina, resta desesperadamente que surja do povão um oportunista, alguém que vai jogar o jogo político e transformar o calor da massa em ações concretas, assim como foi, por exemplo, Lindberg Farias no movimento caras pintadas (o presidente da UNE seria um dos deputados mais votados na eleição seguinte). E isto tem que ocorrer logo.

Digo logo, pois os movimentos de protesto são cansativos. Não se conseguirá mobilizar 70mil pessoas todos os dias por muito tempo.

Em 2000, a faculdade de tecnologia de São Paulo parou por quase 60 dias lutando contra a aprovação do projeto 96/98 de desvinculação  da instituição da fundação Paula Souza.

Como estudantes, tomávamos as ruas todas as noites e durante o dia, o alvo era a assembleia, onde o projeto estava em vias de ser colocado em votação.

No início a adesão era maciça mas com o passar do tempo a coisa foi rareando e em alguns momentos temeu-se pelo fracasso das ações.

Surgiram vários dos tais oportunistas que mencionei e que na verdade ajudaram no engavetamento do projeto, entre eles, pasmem, José Genuíno, que apesar de ser deputado federal à época, fez um discurso inflamado na porta da faculdade e ajudou na câmara estadual com o engajamento de alguns colegas de partido.

Precisamos urgentemente de representantes desta bandeira nas casas. Sob o risco entretanto de não ser aceito pelo povo, ficar a questão: quem dará o primeiro passo?

Nenhum comentário:

Postar um comentário