Eis que alguns dias depois
participei das comemorações de dia dos Pais na escola dos meus pequenos. É o
sétimo ano que isto acontece e o script costuma ser mais ou menos o mesmo: Em
geral toca-se uma música - onde a maioria dos pimpolhos sequer se mexe - seguida
da entrega de uma lembrancinha.
É sobre a lembrancinha que me
peguei pensando no evento deste ano. Quando não é uma daquelas camisetas com a
mão (ou pé) do filho marcado em tinta para tecido, normalmente um cartão
pintado à mão e algum objeto para usar no trabalho.
Comecemos pelo cartão. Se no dia
das mães, todos eles são em formato de coração, no dos pais todos eles são em
formato de gravata. Sim, gravata. Quando varia um pouco é em formato de pasta
executiva.
Nunca recebi um cartão em formato
de picareta, de caminhão de lixo, de estetoscópio, nada. Sempre gravata.
Os presentes vão na mesma linha.
Porta cartão, porta caneta, bloquinho de anotar papel, porta celular. Um mini
kit de ferramentas com alicate e chave de fenda? Nunca. Um limpa graxa para os
dedos? Nem em sonho. Um protetor auricular escrito “Eu te amo papai”? Jamais.
Meu pai nunca gostou destas
comemorações escolares. Agora entendo. Profissional de trabalhos manuais,
aquelas “homenagens” parece que nunca eram para ele. Depois de vários anos e três
filhos, ele nem se esforçava mais para parecer gostar do porta-canetas.
As mulheres sofrem com a ditadura da maternidade e a eterna e
desequilibrada balança entre filhos e trabalho. Mas para os homens tampouco é
mais fácil. No inconsciente coletivo, ainda é a gravata e a mesa que significam
sucesso. Algo que está há anos luz de ser verdade.
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